segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Sinto-me só (Karl Taro Greenfeld)


Comprei esse livro quando estava iniciando meu trabalho no CIAD (Centro Interdisciplinar de Atenção ao Deficiênte) da PUC-Campinas, onde eu trabalhava com autistas em um dos programas de inclusão. Achei o livro interessante não só por seu título e sua capa, mas também por ser uma biografia de um menino com um irmão autista e todas as dificuldades que ele e sua família passaram para tentar se integrar com o mundo "normal". Um livro muito interessante não só para entender mais um pouco sobre o autismo em si, mas também sobre os sentimentos daqueles que estão ao lado e que muitas vezes sentem-se mais sós que aquele que carrega a síndrome.


Uma visão geral:

Sinto-me só é a auto-biografia de Karl Greenfeld, irmão de Noah, um menino autista que se tornou destaque na década de 70, quando o autismo ainda era algo desconhecido. Lançado em 2009, o livro de Karl conta a história de sua família sob a sua perspectiva, trazendo não somente os fatos das vitórias e fracassos, mas também algo mais íntimo: os sentimentos e a evolução de cada um em relação a uma vida centrada na doença e na tentativa de integrar não somente Noah, mas também todos os outros membros da família em uma sociedade cheia de preconceitos e quase sem nenhum conhecimento sobre aquilo que os cercava de todos os lados.

Um comentário:

O livro sinto-me só é muito interessante pois traz não somente uma realidade da década de 70 e do início das tentativas de inclusão das crianças e adultos autistas ao mundo, mas também uma visão mais íntima e realista da vida daqueles que estavam ao redor dessas crianças e adultos que tentavam ser inclusos. Trazendo informações técnicas sobre a doença e sobre a evolução dos estudos relacionados à ela no decorrer dos anos, o livro nos mostra a difícil realidade daqueles que conviviam diariamente com sentimentos diversos, desde raiva ao mais puro amor. É um livro muito maduro, e possui uma sinceridade absoluta em cada palavra trazida em suas páginas que nos mostram o lado negro que acompanha a vida daqueles que precisam lidar com a doença.
Achei a forma de escrita do livro super interessante, pois nela podemos ver a evolução de Karl desde a sua infância até a sua vida adulta. Nela podemos perceber todos os resultados psicológicos de sua relação com o irmão e da confusão que se forma dentro de seu ser conforme ele cresce sentindo a falta de Noah. Além disso, a narrativa traz todos os ápices de sentimentos controversos em relação à vida, aos pais e ao irmão, além da confusão e exaustão mental que todos sofrem por causa das dificuldades de inclusão à um mundo "normal".

Uma citação:
"Nesse momento ainda não sei disso, mas meu relacionamento com Noah é o mais unilateral que jamais terei. Ele parece ter perdido o interesse por mim, e eu ainda tento fazê-lo sair de si mesmo e brincar. Quero um irmão. Desesperadamente." Pg. 53
Um surto pessoal: 

Meu surto pessoal dessa vez vai para o título. Quando comprei o livro, pensei de imediato que o título se referia ao Noah, a criança autista. Mas depois de ler o livro, percebi que esse título refere-se muito mais ao próprio Karl e aos seus pais que à Noah, que não percebia a falta de um vínculo com aqueles de seu exterior. Os autistas, ao se isolarem do mundo, fazem com que aqueles que estão à sua volta sintam desesperadamente a falta de seu contato, que todos almejam e nem todos podem ter. Achei incrível a escolha do autor para esse título em específico, pois ele traz toda a essência na falha de comunicação entre Noah e seus familiares assim como a crise individual de cada um que convive com ele e precisa desesperadamente de alguma ajuda também. O título não poderia ser melhor, e torna-se mais uma forma de pedir socorro por uma relação que não consegue de fato se concretizar.

1 comentários:

Unknown disse...

Oi, podem me informar se este livro existe em pdf em algum lugar? Já procurei em vários sites e não acho nada. Grato.

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