sexta-feira, 11 de abril de 2014

O ladrão de almas (Alma Katsu)



Não demorei tanto para voltar dessa vez né? Mas a leitura que eu trago hoje é menor, por isso o andamento foi um pouco mais rápido... Hoje vim falar sobre O ladrão de almas, minha mais nova leitura! Aproveitem!



Uma visão geral:

O livro acompanha a tragetória do Dr. Luke Findley, um médico de uma pequena cidade que inicia sua noite de plantão pensando que nada além do comum aconteceria. Até conhecer Lanore McIlvrae, uma suspeita de assassinato que não parece fazer questão de negar o seu crime. Sentindo-se estranhamente conectado à misteriosa mulher, o Dr. Luke se vê fazendo tudo aquilo que nunca imaginara fazer um dia para protegê-la e conhecer mais de sua história. Misturando imortalidade, amor e obsessão e seu poder para salvar ou destruir uma vida, a história de Lanore mostra ao cético médico que o mundo não é somente aquilo que ele conhece.

Um comentário:

Gostei bastante da leitura do livro e do andamento da história. Misturando fatos da atualidade com a história do passado de Lanore, O ladrão de almas mostra onde o amor pode levar: à salvação ou à destruição. Achei ele bastante parecido com Entrevista com vampiro, de Anne Rice (Leia a resenha AQUI). Não somente pela imortalidade de alguns personagens e do fato de um deles contar a sua história, mas também pelo relacionamento entre imortal e criador (no caso do livro, entre Lanore e seu criador cruel). É um livro interessante para aqueles que gostam do gênero, e talvez uma boa indicação para quem gostou do livro de Anne Rice.

Uma citação:

"O amor pode ser uma emoção barata, facilmente oferecida, apesar de que não me parecesse assim naquela época. Em retrospecto, sei que só estávamos tampando os buracos de nossas almas, do jeito que uma onda carrega areia para encher os orifícios de uma praia cheia de pedras. Nós, ou talvez fosse só eu, saciávamos nossas necessidades com o que declarávamos ser amor. Mas, no final, a onda sempre leva de volta aquilo que trouxe." -  pág. 80

Um surto pessoal: 

Meu surto pessoal da vez não tem nenhum spoiler!!! (Raridade) Ele vai para o TÍTULO do livro, que foi o que me levou até ele aliás. Porque esse era o título que eu queria dar para uma história que estou escrevendo faz muito tempo (e até hoje não terminei), mas que tive de desistir por já existir. Curiosa para saber do que se tratava o livro com o título que eu queria para a minha história, decidi ler. E vi que não tem nada a ver com aquilo que eu estou criando. Mas por isso, meu surto pessoal da vez vai para o título do livro, que eu realmente gostei e queria que não tivesse sido usado...

E para finalizar, deixo um trecho do que EU escrevi... Do que seria o meu ladrão de almas (é grandinho, e ainda precisa de correções... Mas vai ser a primeira vez que posto algo meu por aqui né?)

"A casa estava silenciosa e escura, tendo como única fonte de luz a lua que reluzia lá fora e entrava pelas amplas janelas da mansão. As janelas da biblioteca ocupavam toda a alta parede lateral e permitiam que a luz da lua entrasse por seus vidros e criasse com as sombras a sua arte, esculpindo formas e desenhos no grande cômodo. Mas apesar de toda a meticulosa organização das gigantescas prateleiras repletas de livros, a principal atração daquele cômodo era o que se encontrava estendido no chão, formando gigantescas sombras que pareciam prestes a engolir toda a felicidade e o conhecimento que um dia houvera ali.
Paralisada logo em frente da porta da biblioteca, a menina olhava para a cena horripilante à sua frente. Aquilo que ela via era como um pesadelo, mas da qual ela sabia que não poderia acordar. Os barulhos vindos daquele andar haviam a acordado e feito com que ela descesse para verificar o que estava acontecendo, mas agora ela não se importava mais com nenhum dos sons que vinham dos cômodos às suas costas. O mar de sangue que se espalhava manchava o carpete claro que estava a sua frente, e aos poucos espalhava-se em sua direção como dedos que desejavam lhe agarrar.
Seu coração estava disparado, mas nem mesmo as lágrimas conseguiam se formar diante do choque e da confusão que se misturavam dentro de sua mente. Há poucos minutos atrás os pais haviam a acompanhado até o quarto e a colocado na cama, algo que não faziam já há algum tempo. Agora, estavam ali, jogados no chão da sala, como se tivessem se afogado em seu próprio sangue. Pela posição dos corpos, podia-se perceber que o pai tentara em vão proteger a mãe antes de ambos serem assassinados em sua própria casa.
Ela ainda conseguia reviver claramente o momento em que eles haviam subido as escadas junto dela e a colocado para dormir em seu quarto. Há poucos minutos, ambos estavam lhe dando beijos e desejos de bons sonhos enquanto a cobriam e apagavam as luzes. Agora, aquilo parecia somente um sonho distante diante de uma dura realidade. Eles estavam mortos, e o sangue deles parecia tentar chegar aos seus pés para puxá-la para a loucura.
Repentinamente, uma sombra que surge às suas costas chama a atenção dela fazendo-a se virar assustada e deparar-se com três homens parados logo atrás de si. Desequilibrando-se com o susto, a menina dá alguns passos para trás, sentindo em seguida o sangue frio infiltrar-se em suas meias e molhar seus pés, como mordidas de angustia e desespero. Observando aterrorizada os três homens tatuados e musculosos que olhavam para si, ela sentia o medo correr pelas suas veias enquanto procurava uma rota de fuga para sair dali. Seus pais estavam mortos, e ela nunca teria ninguém que pudesse lhe proteger.
Percebendo um pequeno espaço entre o ultimo dos homens e a porta, ela percebe que aquela seria a sua única chance de escapar. Com a respiração acelerada e o coração martelando contra o seu peito, a menina olha mais uma vez para os rostos obscurecidos à sua frente, percebendo que todos os três riam de sua expressão amedrontada. Em um movimento rápido, a garota se lança para frente surpreendendo todos os três, e em seguida dando uma guinada para a esquerda desviando-se das mãos que tentavam a agarrar. Quando se vê fora da biblioteca e livre de qualquer obstáculo, a menina corre o mais rápido que consegue em direção da escada que lhe levaria ao andar de cima, desesperada por uma chance de se esconder em um dos diversos quartos que ficavam lá em cima. Mas mesmo antes que ela conseguisse subir os primeiros vinte degraus, um braço forte a agarra pela cintura e a tira do chão, tirando não somente o ar de seus pulmões, mas um grito de pavor junto dele.
- Não! – grita ela tentando se soltar, debatendo-se nos braços do homem que a segurava – Me solta! Socorro!
- Para de gritar menina, ou eu corto a sua língua fora. – ameaça o homem em voz baixa, colocando uma faca no pescoço dela, pressionando somente o suficiente para que ela sentisse a lâmina fria lhe picar a garganta.
Calando-se no mesmo instante e começando a chorar, a menina sentia seu corpo quase sendo esmagado pelos braços que a seguravam, tendo todas as suas chances de fugir se esvaindo como fumaça. A imagem de seus pais mortos ainda era claramente perturbadora em sua mente, e ela temia que o seu final fosse como o deles. Um choro de bebê no andar de cima mostrava que o irmão mais novo havia acordado com seus gritos, mas nenhum dos três homens que a cercavam pareciam se importar com isso.
Dois dos homens riam enquanto se juntavam em volta dela, fazendo comentário que ela mal conseguia escutar devido ao medo. O medo subia por sua garganta e a tornava cada vez mais fechada, enquanto as lagrimas corriam livres por seu rosto tentando aliviar o desespero. A faca pressionada em seu pescoço começava a machucar, cortando superficialmente a pele e fazendo-a sangrar.
Repentinamente, uma voz firme e autoritária surge atrás do homem que segurava a menina, ordenando: - Soltem ela.
Os três homens se calam no mesmo instante em que aquela ordem é dada, e a menina é colocada no chão. Assim que os três homens se afastam, ela se encolhe no canto do degrau onde foi solta, chorando do medo e da dor que sentia lhe sufocar. Suas mãos estavam sujas de sangue, e seu corpo tremia tanto que ela não se atrevia nem mesmo a levantar. O homem que havia ordenado que a soltassem se aproximava lentamente, sentando-se ao lado dela e fazendo-a se encolher ainda mais.
Puxando o rosto dela para cima delicadamente, ele fez com que ela o encarasse. Seus olhos acinzentados assemelhavam-se a uma noite de neblina, belos e enigmáticos. Os cabelos loiros eram compridos e chegavam até quase a sua cintura, amarrados na ponta com um elástico preto que combinava com as vestes que cobriam a sua pele pálida. Sua aparência denunciava que provavelmente era o mais jovem entre todos os outros, mas suas feições tornavam claras que era através do conhecimento que controlava todos os outros.
Seus olhos pareciam estuda-la, trazendo um ar de reconhecimento mesmo que a menina nunca o tivesse visto antes. E mesmo que ele também a assustasse, ela simplesmente não podia desviar os olhos dos dele. Era como se aqueles olhos acinzentados a convidassem a entrar, puxando-a lentamente para dentro dele e afogando-a em memórias que ela não podia ver."

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